E mais um dia de trabalho se foi.
José Pedro, este era o nome do trabalhador,
Às 4:00 da “madruga”, este era teu horário;
Pobre senhor.
Diversas conduções e uma infinidade de dificuldades.
Agora entendo o que meus pais diziam sobre realidade.
As palavras embaralham sua mente,
Não formam nada, nada descente
O troco
José no trocador tem que confiar,
Afinal ele é só um “pião” e não uma máquina de calcular.
Intriguei-me e então a ele fui perguntar:
- José, porque não sabes ler? Nunca te inquietastes com o estudar?
Nunca preocupou-te o calcular?
E triste,
Com dor e espanto, José com lágrimas em seus olhos
Passou a me fitar.
-Garoto, esqueça este velho bronco e solitário
E de tua vida vá cuidar!
As palavras do velho me atingiram,
Corroeram e me doeram de maneira perturbadora,
Mas já era tarde, José Pedro já estava
A perambular por bandas outras
As palavras até hoje me faltam ao ver José constrangido
Em sua jornada solitária pelo mundo,
Onde um real tem mais valor que o sorriso duma criança,
Onde a cada dia estamos cada vez mais próximos da morte da esperança.
José é só mais um do mesmo,
José sou eu, você, todos nós somos ele
Que verdade, que liberdade, que destino é este?
Assim vejo: estamos a andar nesta estrada a esmo.