7 de março de 2014

O Caminhante
Rogerio Miranda01:01 0 comentários

Palavras...
Planaltina, Distrito Federal, 03 de Março de 2013.
Quando busco na memória, surge em minha mente a imagem de rabiscos em um velho caderno, são os meus primeiros escritos. Rabiscos que para outros pouco representam, mas que talvez, revelem muito mais do que qualquer outra coisa que já tenha feito. Entre as linhas daquele pequeno caderno, o garrancho exteriorizava para o mundo o [meu] desejo de ser compreendido e corresponder [me] com o externo, com o outro. Em meu coração, não sei dizer bem ao certo desde quando, brota uma chama de felicidade ao contemplar a relação entre o lápis, a caneta ou mesmo o giz e o papel. Um encontro!
Nessa [ainda] curta Caminhada venho delineando, encontrando, descobrindo... Pedaços meus perdidos, dispersos em caminhos que ainda venho percorrendo. Tenho me reencontrando em textos de dias idos, em sons melodiosos, no ritmo e pulsação daqueles que precederam. Me reencontro com aquilo que pulsa o coração, alimenta a lágrima. Com a música, dentre as primeiras descobertas desse mundo, tenho encontrado semelhantes, que me tocam o coração e despertam sensações inefáveis.
Começo a escrever - e quando digo "escrever", tenho em mente a busca pela "materialização" das sensações, dos sentimentos - por um motivo em comum com os iniciantes: um amor. Que seja pelo encanto, ou pela desilusão, mas tem-se o início, diversas vezes, no amor. Contudo a continuidade deu-se muito mais pela angústia que carreguei [talvez própria da fase vivida], do que por amores. Por um momento Perdi-me. Contudo, a vida não se faz somente de tormentas, há também bonança, e nuances.
Os ventos rumaram para outras estradas... e "O Caminhante" surge como um maneira de me expressar, uma válvula de escape, um olhar, um sentir, amar. Dessa forma busco a "materialização" das sensações, despertar dos sentimentos, tanto daqueles que me leem, como de mim mesmo. Me reencontro, redescubro [o que há em mim e ao meu redor]. "A criança que carrego comigo" ainda muito me fala, juntos olhamos e seguimos pela estrada. Talvez "O Caminhante" seja mais "a criança que carrego", do que o "Eu", pois com os olhos de criança posso olhar pela janela, ver os céus e sentir-me, mais uma vez, inebriado com a visão. Caminho [vivo] buscando observar, sentir, colher, aprender.
Sou um fotógrafo, meus registros são o que compreendo, entendimentos que com o tempo podem transmutar-se; meu coração é o sensor, e com as palavras revelo o meu olhar.

O Caminhante, Rogerio Miranda.