21 de abril de 2011

José, mais um trabalhador
Rogerio Miranda23:46 4 comentários


E mais um dia de trabalho se foi.
José Pedro, este era o nome do trabalhador,
Às 4:00 da “madruga”, este era teu horário;
Pobre senhor.
Diversas conduções e uma infinidade de dificuldades.
Agora entendo o que meus pais diziam sobre  realidade.

As palavras embaralham sua mente,
Não formam nada, nada descente
O troco
José no trocador tem que confiar,
Afinal ele é só um “pião” e não uma máquina de calcular.
Intriguei-me e então a ele fui perguntar:
- José, porque não sabes ler? Nunca te inquietastes com o estudar?
Nunca preocupou-te o calcular?
E triste,
Com dor e espanto, José com lágrimas em seus olhos
Passou a me fitar.
-Garoto, esqueça este velho bronco e solitário
E de tua vida vá cuidar!

As palavras do velho me atingiram,
Corroeram e me doeram de maneira perturbadora,
Mas já era tarde, José Pedro já estava
A perambular por bandas outras

As palavras até hoje me faltam ao ver José constrangido
Em sua jornada solitária pelo mundo,
Onde um real tem mais valor que o sorriso duma criança,
Onde a cada dia estamos cada vez mais próximos da morte da esperança.

José é só mais um do mesmo,
José sou eu, você, todos nós somos ele
Que verdade, que liberdade, que destino é este?
Assim vejo: estamos a andar nesta estrada a esmo.

14 de abril de 2011

Devaneios e resquícios
Rogerio Miranda12:33 2 comentários


Recordo-me de nossos sete anos de idade,
Olhávamos com amor.
Dois que eram somente um
Um que era muito mais que dois

Sentados embaixo dos arbustos
Que nos cediam sombra

Eu olhei para você,
Você estava a fitar-me
Logo em seguida você sorriu pra mim
Agora estava eu a fitar-lhe
E assim escrevíamos nossos destinos

Nossos sonhos, nossos olhares,
Falaram por nós,
Nossas bocas, nossas vozes,
Num instante ficaram sós

Adeus amor,
 Agora cresço sem ti!
Enfim o adeus.
Agora sinto que posso partir!

5 de abril de 2011

Balela – História
Rogerio Miranda19:44 2 comentários

Veja companheiro
Os Lírios, ali no jardim, já cresceram.
Eles lhe são familiar?
Deixe de tanto blá, blá, blá,
Pare de tanto falar
E materialize agora mesmo o teu pensar.

É sempre “mais do mesmo” que lhe incomoda,
No entanto, é só “mais do mesmo” que constrói essa história.
As cirandas não mais combinam com teu encanto.
Afinal,
Esquecestes da hora de crescer?

Companheiro
Tuas batalhas, tuas jornadas,
As tuas palavras tornaram-se ultrapassadas,
E nelas vejo puro e simplesmente palavras.
São como Rosa dos ventos,
Mera ilustração e nenhum sentimento!

Por acaso vês o que vejo caro companheiro?

Minhas lágrimas secam com o vento,
Minha saudade fica atrelada no mesmo ponto do tempo.
Minhas novas palavras agora têm um novo tom de nostalgia,
Mas todos utilizam como argumento a minha lúdica ironia.

Independe agora de minha vontade,
De minha capacidade,
Enfim minhas vistas enxergam o que há muito não vejo.
Agora tudo que sinto é o vento,
E seu beijo.

O albatroz alçou vôo em busca de sua paz
E daquilo que acreditava desde épocas de criança.
A ave quando retornou não era mais aquela de tempos atrás.
Me restou ver nossa morte, a morte da esperança,
A morte dos sonhos, dos pensamentos e
Das épocas que deixei pra trás.

Março de 2011

I
Rogerio Miranda19:02 1 comentários


O fim do dia e um lindo pôr-do-sol,
É como o último suspiro de ar que damos na vida.
Só temos a certeza que não sabemos o que será
Do dia que ainda há de nascer.
Eu tenho medo
E não sei se haverá um amanhã.

São ruas escuras em que o nada vaga;
Portas sem trancas, porém todas lacradas
E o Chaveiro da vida
Me acompanha durante toda passagem
Nessas ruas mal iluminadas.
Mas por mim, nada ele pode fazer.
E eu,
Continuo a andar por essa estrada.

Estar acompanhado e sentir-se sozinho
É o mesmo que estar sozinho?
Deus
Acho que nunca me senti tão solitário.
É o fim e não sabemos o que vai ser
Eu pelo menos não sei o que serei;
O que há é um vazio, um buraco no dia de amanhã.

Simplesmente sei que me sinto feliz (às vezes fico triste)
Mas, quero estar,
Quero ficar
Aqui com você.

12 de Abril de 2010